Nancy Folbre é professora de economia da Universidade de Massachusetts Amherst.
Mais americanos vão de bicicleta ou caminhando para o trabalho. Em parte porque o investimento do setor público vai para melhorias da infra-estrutura necessárias para chegar ao destino com segurança. Mais investimentos públicos em ciclovias e ciclofaixas estão suscetíveis a oferecerem um grande retorno social.
Gastos federais em infra-estrutura para bicicletas e pedestres mais do que dobraram desde 2006, mas subiram menos de US$4 por pessoa em 2010.
O gráfico é parte de um infográfico maior feito por Kory Northrop, aluno da Universidade de Oregon, que ilustra as diferenças entre os estados e destaca as 10 principais cidades americanas para deslocamentos de bike, baseando-se  em dados da American Community Survey de 2009.
Os valores são atualizados pela inflação. Os círculos correspondem aos gastos/per capita (o tamanho do círculo determina o valor em dólar) em relação aos gastos do governo, nos anos de 1990 a 2010.Kory Northrop; dados da Federal Highway Administration.
A cidade de Portland, no Oregon, está no topo da lista, com 5,8 % dos trabalhadores indo regularmente de bicicleta aos seus trabalhos. Minneapolis vem em segundo, com 3,9% e, em terceiro, Seattle, com 3%. San Francisco, apesar de suas colinas, está quase empatada com Seattle. Cidades menores não são incluídas neste ranking, mas algumas, como Boulder, no Colorado, e Eugene, no Oregon, têm maiores taxas de bike-commuting* que Portland. 
Na última contagem, a cidade de New York ainda estava abaixo de 1%, o que está mudando com a recente expansão de ciclovias por lá.
De acordo com a revista Bicycling, todas as cidades acima mencionadas estão entre as top-10 em termos de infra-estrutura para pedalar.
Algumas pessoas consideram a ciclovia uma invasão do espaço "sagrado" do carro. Em março, John Cassidy, o polêmico blogueiro do The New Yorker Online, mostra-se contra a expansão de ciclovias em Manhattan. Ele foi imediatamente repreendido por dezenas de leitores e por um artigo crítico no The Economist, " O mundo é seu lugar de estacionamento ", que aplicou uma análise do custo-benefício social da criação desses espaços.
Eis a lógica econômica por trás de todos os esforços para promover uso da bicicleta:
Carros desfrutam de enormes subsídios diretos na forma de construção de estradas e espaços de estacionamento público, bem como subsídios indiretos para a indústria de petróleo, que fornece o seu combustível. Esses subsídios excedem, e muito, as receitas fiscais geradas pelo uso do carro (como fica claro através desta excelente análise das questões técnicas em jogo).
Além disso, carros impõem pesados ​​custos sociais: sua utilização contribui para o aquecimento global, congestionamentos, acidentes fatais e mortes por estilo de vida sedentário.
O uso da bicicleta é bom para ambos: povo e planeta. Em um país afligido pela obesidade e a inatividade, pessoas que se deslocam tornam-se saudáveis . Andar de bicicleta até o trabalho ou para qualquer outra atividade é muito mais barato do que ingressar numa academia. Um corte de gastos no consumo de gás melhora a qualidade do ar, reduz a dependência do petróleo importado e economiza dinheiro.
Andar de bicicleta é prático e viável, especialmente se for combinado com o transporte público eficaz para quem necessita deslocar-se a longas distâncias. Como John Pucher , da Rutgers University (apelidado de Professor da bicicleta por alguns de seus fãs) explica: cerca de 40% de todas as viagens de automóvel nas áreas metropolitanas são percursos menores que 2km - uma distância fácil de pedalar.
Comparações internacionais das taxas de utilização, bem como as diferenças entre as cidades nos Estados Unidos, demonstram o impacto das políticas públicas. Professor Pucher aponta que a proporção de bicicletas utilizadas para viagens locais é 1% nos Estados Unidos, saltando para 18% na Dinamarca e 27% na Holanda.
Notícia recente do New York Times explica que muitas cidades europeias aplicam explicitamente o desencorajamento do uso do automóvel. Bons sistemas de transporte público ajudam as pessoas a entrarem em áreas centrais, que seriam menos congestionadas e, portanto, mais convidativas a serem visitadas. Programas de compartilhamento de bicicleta estão em expansão em cidades de todo o mundo, incluindo América Latina .
Para ciclistas, se o número de adeptos da bicicleta aumentar, proporcionará a todos uma maior segurança. Como as ciclovias em estradas, que atrairiam um maior número de ciclistas, diminuiriam a chance de acidentes de carro, promovendo mais o uso da bike. Segurança parece ser um fator importante para encorajar as mulheres, em particular.
Quanto mais as pessoas pedalam para o trabalho, mudando as normas culturais, mais as comunidades de bike se propagam. Empresas começam a reconhecer os benefícios do fornecimento de instalações para tomar banho e trocar de roupa (mais barato por pessoa do que pintar vagas de estacionamentos).
Essas mudanças, por sua vez, promovem mais o ciclismo. Construa e eles virão: aumento da oferta pode aumentar a demanda.
Grandes melhorias em infra-estrutura para a cultura da bicicleta não são apenas para tornar mais fácil a chegada ao trabalho. Elas também podem criar novos cargos, uma alta prioridade em nossa economia de elevados índices de desemprego.
A construção de ciclovias oferece a criação de mais empregos por dólar investido em infra-estrutura do que o investimento em estradas. (Para mais detalhes, consulte este estudo recente feito pelo meu colega da Universidade de Massachusetts Heidi Garrett-Peltier, que analisou 58 projetos em 11 cidades, usando um modelo de insumo-produto para medir o impacto no emprego).
Os cicloativistas e os governantes que trabalham para promover ciclovias e corridas estão levando todos nós em uma boa direção.

*Bike-commuting: comunidade criada para troca de experiências entre ciclistas, informações sobre rotas, lojas, encontros, passeios, organização de competições.


Tradução: Elaine Torres

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